Eu chego lá

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Vícios e compulsões




Como sempre faço, ontem a noite fiquei pensando qual seria o assunto de hoje e me lembrei de algo muito importante, um assunto muito falado em reuniões e palestras sobre a cirurgia, os vícios e as compulsões.
Todos que estão na fila, ou já operaram sabem da importância do acompanhamento psicológico. Eu já comentei aqui que fiz terapia, mas como a maioria, eu também abandonei as sessões assim que consegui operar, achava que estava tudo bem, que dai pra frente era só alegria, e realmente foi, só que essa alegria excessiva também não é bom.
Posso dizer que nos primeiros 2 anos não senti tanto as mudanças psicológicas, no primeiro ano a gente fica tão as voltas com peso, consultas, acompanhamentos, que algumas coisas,passam batido, alem do mais eu estava voltado com o Paulo, lembram que ele tinha voltado logo que operei?
Na verdade durante algum tempo eu ainda estava com a mentalidade gorda, acho que a gente demora muito mais tempo pra emagrecer na nossa cabeça, eu não tinha me dado conta das mudanças, até que arrumei emprego, isso foi como um gatilho que disparou algo dentro de mim, eu lutava demais pra conseguir um emprego, mesmo tendo boas qualificações eu mandava curriculum ,ele gostavam, quando chegava na entrevista que me viam, ai davam uma desculpa e já era, não dava certo. Então quando consegui um bom emprego foi que me dei conta que as mudanças estavam acontecendo, nesse momento algo realmente mudou e me lembro até hoje o dia em que passava na rua e fui abordada por um rapaz que pediu meu telefone, aquilo foi demais, eu nem sabia como reagir, dei um numero louco só pra despistar, e sai rindo, rindo muito, de pura felicidade.E isso passou a acontecer com mais frequência. No local em que comecei a trabalhar tinha um homem lindo, que assim que fomos apresentados já foi dizendo que eu era o tipo dele, ai ai, aqueles olhos verdes....depois volto a falar deles.
Com emprego novo e dinheiro no bolso, vieram as compras, e como é bom fazer compras quando se pode escolher a roupa e não comprar a que serve e pronto, em pouco tempo meu guarda-roupas estava cheio de calças jeans, blusinhas...Também passei a sair mais, eu e uma grande amiga nos juntamos e vivíamos na balada, conhecíamos muita gente, e sabe como é, duas mulheres juntas, fazíamos sucesso e aproveitávamos, na balada beber se torna algo quase que inevitável, ai eu somava aquela alegriazinha do álcool e a auto estima lá em cima e aproveitava mesmo, beijei muuuito na boca, cheguei a ficar com vários caras em uma noite, mas esse "ficar" era só beijar mesmo. Com 30 anos eu estava no auge. Aquele homem, dos olhos verdes, que trabalhava comigo? Chegamos a ter um "rolo" durante 1 ano, nada muito sério, mas curti bastante, ele era - ainda é - motociclista, eu estava muito feliz, rodando pela cidade em uma moto com um gato daqueles ( eu que sempre gostei de moto, mas que nem sequer conseguia subir em uma, muito menos converser alguém a me levar na garupa).
Sei que durante uns 2 anos, eu aproveitei demais, até demais, a ponto de desmaiar na balada acreditam? Também, balada de terça a domingo e trabalhando, chegou uma hora que o corpo não aguentou. Só parei com tudo isso pois em Setembro de 2005 eu fiz minha primeira plástica, fiz a Abdominoplastia, e ai fiquei de molho, nesse período o Paulo (hoje meu marido) se aproveitou do meu repouso e me "cortejou" até eu voltar pra ele (nós tínhamos nos separado enquanto ele estava em Belo Horizonte e nesse momento ele tinha se mudado pra São Paulo) durante um mês, telefonou, mandou flores, fez promessas, e ai, quando eu estava recuperada e ia voltar a ativa, ele me pediu em casamento.
Na verdade, estou contando isso tudo, pra chegar a um ponto muito importante; em vários momentos eu quase perdi o rumo. É mais comum do que se imagina a gente trocar o vicio e a compulsão da comida por outro vicio, outra compulsão. Beber, comprar, transar, comer doces, etc...
Eu estourei cartão de crédito, cheques, tudo, fiquei com nome sujo... deu um trabalhão pra acertar tudo de novo. Bebia bastante na balada e achava até que não ia conseguir ficar sem no período em que fiz a plástica, no final das contas deu tudo certo, soube controlar meus impulsos, meus desejos, puxei o freio na hora certa.
Eu achava muito louca a ideia de que alguém de uma hora pra outra ficasse viciada em sexo, ou partisse pro alcoolismo, compulsão por compras...mas acontece. Afinal da pra entender que alguém que passa a vida toda usando aquelas roupas horríveis queira se arrumar, comprar mesmo, usar e abusar da moda, quantos e quantos modismos eu vi passar sem usar uma só peça. Quanto ao sexo é muuuito bom sentir-se bonita e desejada, e bom o poder de atrair pessoas, a gente se perde mesmo, quanto a bebida, com o estômago pequeno, com muito pouco já dá pra sentir o efeito do álcool, aquela euforia, tudo isso vicia SIM. Cuidado, siga todas as recomendações, e diante de qualquer sinal de perda de controle PARE e peça ajuda, certo!?
Bjuus

5 comentários:

Psique disse...

Adoro ler suas postagens! Bom mesmo ler relatos e assuntos de alguém que já operou e tem tanto a ensinar!
Continua sempre ta?
Beijokassss
Nanny

Anônimo disse...

Oie Mocinha,

Achei seu Blog no orkut e tb sou blogueira gastroplastizada!
Adorei sua postagem e sempre me preocupei com os vícios e compulsões depois da gastro, já vi muitos relatos de pessoas que não podiam comer e descontrolaram na bebida, sexo, compras e etc...
Muito válido mesmo seu post!

Eu vou completar 3 anos agora em setembro de cirur e 2 meses de plastica abdominal! MUITOOO FELIZZ!!!

Vou te add no Pra Recomeçar http://prarecomecargastro.blogspot.com/ e vou adorar uma visita sua tb!

Beijos no "S2"
Fabíola Rocha

Ingrith disse...

A gente se preocupa muito com a fuga, pq comemos como fuga né? MAs com a cirugia e a auto estima no topo não é mais fuga e sim excesso de auto confiança! Tem que vigiar mesmo, rs

Anônimo disse...

Amei este seu post, estou aprendendo cada vez mais com você!! Bjks!

Bett Farias disse...

Muito bom seu post...um alerta precioso.

bjs